Texto :Centro Cultural Tina Cruz
História e fundação
A ideia de se fazer um Centro Cultural em Sereno partiu da moradora e professora Raquel Marina numa reunião com a então secretária de Cultura Valéria Vecchi e membros da EMATER de Cataguases no mês de maio de 2007 . Estiveram presentes vários moradores , a diretora da E.M.Dr. Astolpho Rezende e o presidente do conselho comunitário de Sereno Janir e outros . O assunto em pauta era O Centenário de sereno .
Foi no ápice desta reunião que Raquel Marina ( A idealizadora do centro ) expôs sua ideia de se construir um local o qual ficasse preservado a cultura e memória do distrito e também que nele fosse incentivado o gosto pela leitura ,teatro e brincadeiras folclóricas .
Então a ideia havia sido lançada ,Valéria vecchi a recebeu com grande entusiasmo e colocou a mesma em papel e a levou a frente .
O espaço escolhido para ser o centro cultural foi a antiga estação ,por ser um prédio da prefeitura e por estar apenas ocupado na época pelo fiscal distrital ,Sr.Nelson . O prédio estava muito mal conservado e a cultura queria tombá-lo como patrimônio histórico .
Só que todo espaço tem que ter um nome e para se colocar esse nome num centro cultural deveria se pensar muito ,escolher uma pessoa que realmente merecesse .Então , foram citados vários nomes e cada um defendia o porquê da escolha ,até que Janir falou o nome de Dona Tina e ressaltou todos os seus adjetivos .Após a descrição desta santa mulher a opinião foi unânime ,a escolha estava feita , Dona Laurentina Vaz Cruz havia sido escolhida para ser homenageada e o Centro Cultural de Sereno receberia este nome com grande honra e aplausos .
Após a escolha do nome foi feito um projeto para ser feita a reforma no prédio , também coordenado por Valéria Vecchi .Depois de tudo reformado e pintado foram feitas as divisões das salas . A primeira ,sala de exposições ,recebeu o nome de Hélvio Vieira Cruz, por ter sido um morador que marcou sua época com ações e palavras , a segunda sala , biblioteca, recebeu o nome de Dona Edina Luzia Vieira Peres ,por ter sido ela e seu esposo que não deixaram demolir a estação ferroviária e também por ser uma pessoa que marcou sua época atuando como competentíssima diretora da escola do distrito deste sua fundação e por último a terceira sala recebeu o nome de José de Lima Monteiro ,que foi um comerciante de grande prestígio e por ser lembrado até hoje por todos .
Então após todos os preparativos o centro cultural foi inaugurado em 22 de agosto de 2007 ,ano que Sereno fez 100 anos .
Hoje o Centro realiza festas animadas , rodas de leitura ,apoio à pesquisas escolares e enriquece e valoriza a cultura local .
Autora: Raquel Marina Pereira Braga
* Música em homenagem ao Centro Cultural
É bom demais da conta
O Centro Cultural
É bom demais da conta
Brincar o carnaval
É bom demais da conta
Mostrar seu visual
É bom demais da conta
Um show sensacional
É bom demais da conta
Eu to aqui, eu to de lá, eu to na onda
O Centro Cultural é bom demais da conta
Eu to aqui, eu to de lá, eu to na onda
Vamos cantar e dançar, que é bom demais da conta
Mostrar seu papel
Que é bom demais da conta
Poesia de cordel é bom demais da conta
Ganhar o seu troféu
É bom demais da conta
Sentir o sabor do mel
É bom demais da conta
Se você quer cantar
É bom demais da conta
Se você quer dançar
É bom demais da conta
Se você quer pular
É bom demais da conta
Vamos saborear
Que é bom demais da conta
O Centro Cultural
Ta de portas abertas
Você seja bem vindo
E mostre o que é um poeta
Venha nos visitar
E também curtir a festa
Vem mostrar seu talento
E o resto não tem pressa.
Autor: Emilton Braga
Biografia de Dona Tina para os alunos a imortalizarem em sua memória
Biografia de Laurentina Vaz Cruz
Henry Thomas em História da Raça Humana, referindo-se a Leonardo da Vinci, escreveu: “Lá muito raramente, a natureza se cansa das eternas experiências com manequins e cria um ser de verdade”. Este ser de verdade pode, no entanto, manifestar-se de maneiras diferentes. Sob os aspectos de bondade, compreensão, força de vida, sentimento de irmandade, carinho e entusiasmo, ocorreu com D.Tina. Mulher especial em todos os aspectos, bonita, elegante, requintada e mais ainda no amor. Uma representante da raça humana capaz de nos dar orgulho de pertencer a ela.
Nascida em quatro de outubro de 1911, na cidade de São Francisco do Glória, na fazenda de seus pais, Vicente Ferreira Vaz e Maria Delphina de Jesus, foi registrada com o nome de Laurentina Rosa de Jesus. Seus avós paternos foram João Joaquim Vaz e Maria Antonia de Jesus e maternos João José Dias e Carlota Rosa de Jesus, todos daquela região.
Ali cresceu, estudou e viveu até aos dezoito anos, quando casou-se em vinte e cinco de setembro de 1929 com José Vieira Cruz, o Juquita, primogênito de uma família de onze irmãos, recentemente órfãos. Passou a chamar-se, então, Laurentina Vaz Cruz, adotando o nome do pai e o do marido. Ela assumiu, nesta época, os encargos de mãe e chefe de toda a família do Juquita. Um ano após, nasceu seu único filho biológico, Clóvis da Cruz Reis, que levou os levou os sobrenomes do avô paterno. Filhos ela já tinha, portanto, onze, dez cunhados e o seu próprio. Parece que esta sina se manteve por hábito e por amor, pois durante a vida, adotou e levou até à vida adulta e independente mais oito crianças. Cuidou temporariamente, se semanas a anos, de mais outras quinze crianças cujos os pais tinham problemas financeiros ou físicos, ou as crianças algum tipo de doença.
Por volta de 1933, mudou-se para Sereno, onde passou a maior parte de sua vida, dedicando-se sempre aos outros. Distribuía em sua casa, remédios, roupas, leite e inúmeros outros produtos básicos, angariados de laboratórios farmacêuticos e instituições que visitava, pedindo auxilio para o “seu povo”, como chamava os que a ela recorriam. Foi durante muito tempo a responsável pela distribuição das doações da “Aliança para o Progresso”, programa de ajuda dos EUA ao Brasil, e de outros programas sociais do governo e de entidades particulares. Buscava, onde houvesse, os meios para suprir as carências e necessidades da população sem recursos e desprotegida. Foi por muitos anos a “médica” do lugar, levado a todos, mais que ações médicas e medicamentos gratuitos, acima de tudo, palavras e gestos de incentivo e conforto que faziam, de novo, olhos apagados pela pureza da falta de recursos.
Lembro-me, como se fosse hoje, da varanda da casa cheia de gente, aguardando seu atendimento, sem condições de viajar até a cidade de Cataguases, para consultar um médico, que custava o dinheiro que não tinham. Após terem caminhado duas ou três horas, depositavam na D.Tina todas as suas esperanças. Ela, todos os dias, de manhã à noite, graciosamente os recebia, limpava suas feridas, tratava de suas doenças, dava-lhes o remédio que achava mais acertado, pela leitura incessante das bulas, “internava-os” se necessário em sua casa, dava-lhes alimento e aquecia-lhes o coração, diminuindo o sofrimento, e fazendo-os sentirem-se membros da raça humana e irmãos uns dos outros. O amor era a sua arma! Sua vontade de ajudar a seu carinho inundava e iluminava todos à sua volta.
Teve várias facetas, todas voltadas para a felicidade e o bem-estar dos que a rodeavam. Adorava festas e, nesta área, foi confeiteira, florista, modista, escultora, decoradora e violinista. Exerceu em Sereno a função de Juiz de Paz, devido ao respeito que sempre inspirou. Trabalhou em prol de várias obras sociais. Sua participação foi decisiva junto à Companhia de Estrada de Ferro Leopoldina, quando esta findava suas atividades na região, para que fizesse a doação do prédio da estação ferroviária à escola primária de Sereno, ao invés de demoli-lo, como mandava ordem superior. Em agosto de 2007, anos depois da escola não estar mais em funcionamento naquele prédio, a comunidade juntamente com a Prefeitura de Cataguases , durante a comemoração do centenário de Sereno, inaugurou no local o Centro Cultural Laurentina Vaz Cruz. Este gesto, do povo de Sereno, trouxe os agradecimentos, as homenagens e a certeza de que seu nome será sempre uma inspiração para obras culturais e sociais. Construiu ainda o clube social local através de doações e rendas de quermesses e outras festas populares.
Foi a face de uma era, marcou o tempo que viveu, colorindo as vidas de seus contemporâneos, e dando à sua um sentido além da própria existência.
Transferiu-se para Muriaé e em seguida para Juiz de Fora onde, em 1985, partiu desta vida, com certeza para alguma missão importante. Deixou um legado precioso de abnegação e amor que marcará ainda muitos vidas.
Nos nossos corações, aquecendo-nos ficou para sempre, a mãe Tina, a madrinha Tina, a Tia Tina, a D.Tina.
Retirado do livro "Os Cruz" de Mauro Cruz